e se...?


Tenho andado ausente nos últimos dias, que posso dizer, não têm sido fáceis. Tenho também pensado bastante, e cheguei a uma nada brilhante conclusão. A vida é toda feita de pedaços, momentos, de decisões momentâneas, que no momento em que decorrem parecem tão fáceis de ultrapassar, mas que depois têm consequências ferozes e inigualáveis para um muito maior tempo de vida.. É uma dessas situações, momentos, decisões que me pesa agora nas asas, que não me deixa voar. Quantas vezes pensamos "e se...?". Eu penso bastantes vezes, tantas que se torna difícil respirar. Nestes momentos debatemo-nos com uma infame questão. Podemos pura e simplesmente deixar de arriscar, viver uma vida platónica e simples, neutra. Por outro lado, podemos continuar a arriscar, a confiar no destino, a esperar melhores dias, a pedir sorte para os próximos momentos, para as próximas decisões.. é estranho. Acho que nem sentido estou a fazer sequer... Tenho uma sensação tão forte que viver é muito simples, que ser feliz está a um passo, que está mesmo debaixo do meu nariz, e que mesmo assim não consigo alcançar. No fundo, sim, a felicidade é simples de alcançar… nós é que complicamos.

O amor é um pandemónio

Cheguei finalmente à conclusão que física e química têm efeitos extremamente nefastos para a saúde mental do aluno... Ou pelo menos para a minha. São três horas da manhã e ao estudar a desmineralização da água do mar comecei a pensar sobre um assunto tão curriqueiro e gasto como o amor. Olhando para o lado ouço um assobio baixinho, quase que rouco, da minha caneta azul implorando para deixar os meus pensamentos escorrerem até à sua ponta a fim de serem transpostos para uma simples folha pautada. Pareceu-me tentador, acabei por ceder. Fiquei uns minutos a olhar para a folha de linhas imaculada, pergunta-me insistentemente o que o amor. Sinceramente, não me agrada entregar o amor à ciência e minimizá-lo a um conjunto de reacções hormonais... e muito menos entregá-lo às mãos do destino. Definir amor pode ser bem mais dificil que a desmineralização da água, devia-me ter ficado por ali... Mas vendo bem, promessa é promessa, e a minha caneta amiga começa a franzir o sobreolho. Portanto, vou dar pura e simplesmente a minha opinião. Amor, é saber que não há impossivel, é saber que a coragem deixou de ter limite. É visualizar na outra pessoa a nossa própria imagem, por mais que essa pessoa seja diferente de nós. Amor são os remos da minha vida, que me fazem ter força para atravessar qualquer rio, qualquer mar, qualquer oceano, como se fosse a tarefa mais fácil a executar. Amar é andar com o coração nas mãos e gostar da sensação. Amar é ser cego, amar é não ter medo de morrer... por alguém. Amar é ter uma nova oportunidade de viver, de ser feliz, é saber ultrapassar os nossos medos, é saber colocar alguém acima das nossas necessidades. O amor não escolhe idade, cor de pele, raça ou sexo. É o sentimento, por si só abstracto, mais belo e maravilhoso que existe. Amar é também paternalizar o outro e protegê-lo de tudo e de todos.

Amar é passar a achar o impossível, ponderável.