Costumava tirar todos os relógios de perto pois tinha medo de ouvir o tempo a fugir de nós. Costumava serrar os olhos em cada momento que me tocavas para guardar na minha memória somente o teu toque. Sentada ao teu lado, queria decifrar cada respirar teu, cada olhar, cada gesto. Queria decifrar o teu significado neste mundo e no meu mundo. Toda a verdade residia na tua garganta e toda a minha admiração borbulhava no teu sangue. Tu disseste que nunca nos separariamos, juraste que precisarias sempre de mim, gritaste que nunca me deixarias cair. Sorri e pensei que nunca precisaria de chorar de mágoa, pois nunca te iria perder.

Nunca pensei que tivesse que escrever tudo isto no passado.

perdi-me

Começo a ficar farta de todas as reviravoltas que a vida toma para simplesmente me levar ao mesmo sítio. Sinto que sou mera espectadora de uma peça que decorre sem meu consentimento, sem a minha direcção. Paro serenamente, fitando as teclas de um teclado empoeirado, lembrando a inspiração que em tempos jorrava do meu ser.

Nem todas as cartas são de amor.


Palavras para quê.